23 junho 2011

OS BALOIÇOS DA CIDADE

Aos domingos no cacimbo
Floriam os baloiços da cidade.

As crianças e os pais
-tinham todos a mesma idade-
indo e vindo baloiçando
riscavam de corpo aberto
a claridade do meio dia.

Jardim das Barrocas, no Miramar
perto a baía era uma clareira
líquida a cintilar
o solo tecido pelas raízes
dos cascos dos navios ancorados.

Parque Heróis de Chaves
jardim cintado de verdura.
Na pausa serena pelas tardes
recebido o pão de ternura
os cisnes se recolhiam.
Riam os pêndulos em coro
seu cantar afinado com os petizes
corolas em hastes de vento
ritmado balançar.

Na Ilha o parque dos animais
o mais plano e singular
entre a areia e o coqueiral.
Era tempo de partilha
local da lisa simplicidade
a troca linear numa língua comum.
Os bichos e a garotada um riso igual
juntam a terra e o céu
convocam o mar ali ao lado.
É o círculo que se quer fechado
com o alvor da primeira estrela
que venha confirmar
que o dia do Senhor
no tempo do cacimbo
se finda a baloiçar.
Maria Amélia de Vasconcelos

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