13 janeiro 2014

ALEGRIA

Há épocas do ano em que é quase obrigatório, ou, pelo menos, de bom tom, socialmente falando, afivelar uma máscara, forma de nos irmanarmos nos gestos, nos sentimentos, nas emoções. Assim, quando vamos de férias convém mostrar entusiasmo pela mudança de cenário e pela apetência do descanso, sempre merecido. Quando chega o Carnaval, a máscara é faceira, divertida, na perspetiva de vivermos umas horas em que, se nos apetecer, nos poderemos «virar do avesso» sem o risco de que nos colem o rótulo de doidinhos varridos. Há as máscaras para casamentos, batizados, inaugurações, sessões solenes, máscaras para todas as circunstâncias que o mundo nos impõe e das quais, de bom ou mau grado, temos de nos revestir.

O Natal dos nossos dias é decorativo, com muitos brilhos, cores vistosas, invenções diferentes cada ano. Salta das montras paras as ruas, recobre as fachadas, entra-nos em casa pela caixa do correio, com propostas de compras, e, sobretudo, é-nos lautamente servido pela televisão: palavras, música e imagens muito apelativas ao consumo. Contudo, parece-me que, nestes primeiros anos do século XXI, estará menos espalhafatoso do que já foi, relativamente aos anos 80 e 90 do século passado; ou, então, andará mais sofisticado, seguindo os ditames da moda que valorizam a sobriedade.

Com ou sem derivas de ornamentos, o Natal celebra a vida. O nascimento de uma criança é sempre um acontecimento modificador, mesmo quando essa criança, pelas mais diversas razões, não é desejada; tudo muda na família quando um novo membro se apresenta. Que sentimentos desperta? Que necessidades reclama ver satisfeitas? Que caminho de vida será o seu?

Tratando-se do Natal de Jesus, as profecias antigas foram, passo a passo, cumpridas. Para quem crê, a Sua missão salvítica é esperança para o mundo, que o mesmo é dizer, alegria, não só a alegria fugaz de um momento, ainda que especial, mas a alegria fundada e plena, aquela alegria que rompe, mesmo através de um pequeno rasgo num manto de tristeza ou de indiferença. A força dessa alegria, capaz de trespassar a mais densa mágoa ou o mais duro gelo, vale como um tesouro que precisamos de conservar para o distribuirmos quando desejamos a alguém «Feliz Natal». Com todas as luzes artificiais, prendas e abundância sobre a mesa, pode comemorar-se a quadra natalícia, mas fica por cumprir o Natal, porque falta a chama que é o dom da alegria interior.

Que cada um de nós deixe vir ao de cima essa luz que nos foi concedida para poder desejar a todos um Santo Natal.

Maria Amélia Timóteo
Texto publicado no jornal da S. C. M. do Cartaxo.

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