05 outubro 2010

EMBONDEIRO

Eram ratos suspensos                                    
os frutos do embondeiro
túrgidos da seiva
do desmedido celeiro
que os sustinha.

A garça vinha saciada
mirava ainda o pesqueiro
a asa leve afagando
a camurça dos frutos.

Quando o derradeiro
fulgor do sol
revestia de prata
o corpo do embondeiro
era chegada
a hora da transmutação.

Então fruto e garça a par
são vela a arder
e flor a desabrochar
liturgia e oração
entre a gase do dia
e a dobra da noite
derramada pelo chão.

Maria Amélia de Vasconcelos

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