Em Portugal, um pouco por todo o lado, com maior incidência no norte do país, é tempo de romarias. Os dias longos e quentes são um convite para uma quebra no quotidiano das gentes e para uns momentos de diversão. É a festa.
A motivação inicial para as romarias não foi a diversão, antes a devoção. Conforme o nome indica, «romaria» deriva de Roma, local de peregrinações cristãs desde os primeiros séculos da nossa era. Aos peregrinos que iam à capital do Império se chamavam «romeiros», designação que se tornou abrangente e que se aplica a quem vai, por devoção, a um qualquer lugar de veneração religiosa.
Pela evolução dos costumes, a festa profana foi criando o seu espaço, foi-o ampliando ao redor da igreja e, nos nossos dias, as «estrelas» da música pop são o chamariz infalível para que uma romaria seja concorrida e dê lucro, condição apetecível para qualquer mordomo que se preze.
Há romarias de grande nomeada, com créditos firmados, que agregam desfiles etnográficos e históricos, cantares e danças recolhidos da tradição, e, até, feiras que atraem multidões.
Neste mês de Julho, a festa mais difundida é a de Santiago. Celebra-se a 25, lembrando o dia em que, segundo a lenda, o corpo do apóstolo que empreendeu a cristianização da Península ibérica foi transladado para Santiago de Compostela. Sobre o seu túmulo se haveria de erigir o santuário e, à sua sombra, cresceria uma das mais bonitas cidades da Galiza, destino de peregrinações oriundas dos quatro cantos do mundo.
Os romeiros de Santiago têm insígnias próprias que os distinguem, as quais, tendo perdido a função prática pelo avanço da ciência e da técnica, se vendem, em miniatura, como lembrança do caminho devocional; são elas: o bordão que ajuda a firmar o passo, a cabaça onde se guarda o vinho do alento e a concha de vieira, taça sempre pronta para, por ela, se poder beber em qualquer fonte.
Os tempos são outros e as fontes já não são puras, com perdão das que ainda o sejam.
Mas, deslocar-se, como peregrino ou como turista, a Santiago de Compostela, é uma viagem que se guarda no álbum das boas lembranças.
Maria Amélia de Vasconcelos
Texto publicado no jornal da S. C. da M. do Cartaxo
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